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Carta de um leitor


«Caro Peão,

So há pouco tempo conheci, salvo erro através de um artigo no "Diário de Notícias", o seu blog.Bem sei que isto é um pouco "chover no molhado", porque, infelizmente, exemplos desta falta de civismo há muitos por todo o país, mas, em anexo, envio uma foto que tirei na Avenida 25 de Abril, na Pontinha, concelho de Odivelas, local onde trabalho.

Como podem ver na foto, há carros estacionados em 2.ª fila ao longo de toda a avenida, há carros em cima das passadeiras, ao lado das passadeiras, à frente de caixotes do lixo, etc. Isto acontece nesta avenida da Pontinha há anos e anos. A polícia não actua e o que tem mais piada é que, das poucas vezes que o fez, foi criticada pelos comerciantes da zona (sobretudo pelos proprietários de cafés e restaurantes), porque "estava a dar-lhes cabo do negócio". De salientar que há o parque de estacionamento gratuito construído pelo Metro de Lisboa a cerca de 100 metros desta avenida, mas, enfim, sabe-se como são o portuguesinho e a portuguesinha: andar a pé? nem pensar, que o carrinho dá-me status e fica bem à porta do emprego, do café ou de casa, nem que seja em 2.ª fila ou em cima do passeio.

As pessoas que estacionam assim o carro fazem-no por comodismo e falta de educação, pois eu desloco-me para o trabalho quase sempre de transporte público, mas, das poucas vezes que venho no meu carro, nunca o deixei mal estacionado, porque há muito lugar para estacionar gratuitamente na Pontinha.

Finalmente, mas esta avenida (onde se situa a Junta de Freguesia e o Centro de Formação Profissional para o Sector Alimentar) termina num muro! Sim, num muro que separa o concelho de Odivelas do concelho da Amadora. Este muro resistiu duas décadas à queda do muro de Berlim e já teve até um bairro de lata acoplado! Parece que brevemente com a conclusão da obra do IC qualquer coisa, o muro vem finalmente abaixo e esta avenida da Pontinha vai ligar a qualquer outro arruamento de Alfornelos. Pode ser que depois acabe este estacionamento caótico, mas, sinceramente, acho que isto só lá vai com actuação não tolerante da polícia. Já pensei em imprimir autocolantes, mas acho que me saía mais barato entregar o trabalho a uma tipografia...

Continuo atento ao vosso excelente blog.

Os melhores cumprimentos.»

Porque usamos um autocolante?

Desde o lançamento do autocolante temos sido questionados e criticados por colarmos um autocolante em vez de abordar as pessoas e/ou chamar a polícia. Aqui fica um testemunho bem demonstrativo do que acontece a alguém que tenta isso mesmo.
(O texto foi apanhado na internet e nem sabemos se o seu autor concorda com o autocolante. Apenas serve de exemplo.)

Hoje tive uma situação desagradável com um jovem pai, dentro do seu SUV estacionado a ocupar todo o passeio. Vim a pé duma consulta no hospital, trazendo a bina à mão, e vou no passeio já de si estreito, ao lado duma via rápida, a Infante D. Henrique, perto de Cabo Ruivo quando me deparo com o carro completamente a bloquear o passeio e obrigando os peões a saírem para uma estrada muito rápida e depois voltar para o passeio. Ao aproximar-me vejo que o rapaz (pelos seus 30 e poucos anos, com uma criança dos seus 2 anos sentada atrás) opta por começar a ler o jornal numa tentativa óbvia de me ignorar). Eu fico um pouco chateado com aquele abuso, e opto pela via diplomática, dando um toque no vidro com a mão a pedir para ele abrir. O rapaz lá dentro era bastante grande, e de cabeça rapada, parecia um segurança de discoteca ou body-builder, eu tinha reparado nisso mas não queria que fosse esse o factor que me impedisse de lhe falar. Com calma expliquei-lhe que era chato obrigar as pessoas a contornar o seu veículo e irem para o meio da via rápida, o que se torna perigoso. Ele com ar bastante agressivo diz, "Mas porquê?Custa-lhe muito?" eu continuo, dizendo "A mim talvez não q sou jovem, mas pense o senhor em outras pessoas de mais idade ou assim", aí ele diz apenas "então saia daqui que eu não o conheço de lado nenhum, e se volta a tocar no vidro do meu carro eu dou-lhe ..." Apercebendo-me que o tom era de ameaça cobri as últimas palavras dele com um "tá bem tá bem.." (não as ouvindo no pormenor) e pus-me a andar, consciente que mais um segundo e ele tinha atirado com a porta ou algo no género.
Fiquei claramente perturbado, com a atitute de ocupar o passeio, a inefácia de tentar conversar civilizadamente e ainda mais com a ameaça física. Ainda fiquei a pensar se a minha abordagem teria sido a mais correcta e também fiquei a ponderar o que fazer caso esta situação volte a acontecer... devemos medir o tamanho da outra pessoa antes de fazer uma observação? Devemos simplesmente evitar todo o tipo de observação aos agressivos automobilistas de Lisboa? Ou se calhar tenho de ganhar mais coragem e continuar o diálogo, aguentando-me à bronca se ela chegar! :)

Miguel Ferreira

"não merecia tanto"

Escreveu-nos o leitor JS:

Meus caros:
Pela primeira vez fui premiado com um autocolante vosso. Fui ao vosso blog e li-o atentamente: quer as opiniões dos 'lesados' quer as vossa motivações e argumentos. É claro que partilho as vossa opiniões e a selvejaria, que eu também vejo, merece a devida reacção. Mas, para quem não vive e só trabalha em Algés, e que chega a horas impróprias de um serviço 'around the clock' não tenho muita escolha: ou um lugar a pagar pois não sou residente, suportando assim mais um erro urbanistico da autarquia, ou então no passeio. E assim foi desta vez, deixando 1,12m para os peões passarem (mas não numa passadeira). Tudo certo, mas para tirar o autocolante tive de usar água, isto é, tive de desperdiçar água. E lamento, mas cada um com a sua 'pancada', permitam-me o seguinte comentário: gastei água e logo me arrependi, pois a minha consciência ficou pesada por aqueles que diáriamente a não têm nem para beber, e no fundo, acho que a minha 'prevaricação, não merecia tanto. Seja como for, este não é um desabafo amargo ao vosso príncipio mas, dá-me alento a que não colabore convosco na colocação de autocolantes mas sim na de papeis do tipo dos anuncios do Professor Mambo. Ou então noutras causas como o respeito pela vida, a preservação do ambiente, a educação, a civilização, como actividades cívicas positivas e pró-activas.Votos de saúde, que também é importante, para todos.
JS

A nossa resposta:
Caro JS,
Obrigado pelo esforço de nos escrever a expressar a sua opinião, reconhecendo as suas contradições. De facto, reconhecer que pratica uma selvejaria sobre os outros para poupar o seu dinheiro não deve ser fácil para alguém com uma consciência tão sensível ao sofrimento dos outros. Talvez se se deslocar de transportes públicos ou estiver disposto a andar umas centenas de metros se sinta menos amargo e com mais genuína vontade de contribuir para a preservação do ambiente, a educação, a civilização, como actividades cívicas positivas e pró-activas.

Deve ter percebido pelo blog e pelas dezenas de emails de felicitações que recebemos, que há quem ache que o acto de que você se auto-desculpa de facto merece uma nota de atenção. Nem sempre somos os melhores a medir as consequências dos nossos próprios actos.

Se considera que a sua prevaricação não merecia tanto, talvez a melhor maneira de aplicar a sua vontade de ser cívico, positivo e pró-activo fosse deflagrar uma campanha pela revogação da lei que restringe o estacionamento em cima dos passeios e das passadeiras e lhe impõe multas de até 300 euros - consideravelmente mais pesadas do que o transtorno que o nosso pequeno autocolante lhe causou.

Um carro sobre o passeio, para além de ocupar um espaço que não lhe é destinado, danifica o passeio (abrindo buracos e soltando as pedras da calçada) e torna infernal a vida de invisuais e mais difícil a vida de todos os peões, só para mencionar alguns dos problemas... por mais espaço que deixe disponível para alguns peões passarem. A queda de invisuais e idosos em calçadas danificadas é um dos acidentes mais frequentes nas nossas cidades. Um idoso que parta uma perna tem grandes probabilidade de ficar com sequelas para o resto da sua vida. Para muitos deles significa a morte por causas indirectas. Para além do mais, o carro sobre o passeio dá um exemplo que será infelizmente seguido por outros condutores que ajudarão a tornar o pequeno problema, num enorme problema.

Perante estes problemas nem mesmo o Prof Mambo nos poderá ajudar sem uma dose de empatia e respeito de cada um de nós.

O que dizem de nós

Durante o dia, tem sido anúnciado em alguma comunicação social o lançamento desta campanha.
No entanto também alguns blogs deram relevância à iniciativa. Aqui algumas referências e comentários que foram sendo feitos ao longo do dia tanto na blogosfera como recebidos por e-mail:


Finalmente chegou o substituto do pára-brisas levantado, do pneu esvaziado, do risco na pintura e da pastilha elástica na fechadura (muito old school) através de um autocolante que se espera mais consequente que essas demonstrações de ressaibo pedonal - afinal, os peões sempre tiveram razão mas nunca ninguém ligou a isso.
- Blog Bicicleta na Cidade-


Alguma coisa se tem que fazer! Espero que sejam daqueles lixados de retirar (mas que não estragam nada)!
Apoiado!
- Leitor do blog CidadaniaLx -


Acho uma ideia arrepiante a de se combater a falta de civismo com outra falta de civismo que é o de colocar os ditos nos vidros que bem se sabe pode levar a ter de ser retirado à faca e riscar o vidro todo. De caminho porque não se pede à CML que legisle sobre a propaganda desmedida nos vidros dos automóveis que provoca o mesmo estrago e aínda conspurca as ruas?

- Leitor do blog CidadaniaLx -


Parabéns pelo blog e pela a ideia.
Continuem e não se deixem intimidar. Vou imprimir uns quantos folhetes e colocar nos automóveis estacionados nos passeios.
Os passeios são das pessoas, não dos automóveis. Se não há espaço para estacionar o carro, então que se mude o sistema!

Força!

-Recebido por E-mail -


Desde que cheguei à Holanda, uma das coisas que me tem encantado, além de se ver gente na rua aos fins de semana mesmo com temperaturas negativas, é a possibilidade de passear a pé pelo centro das cidades, livres de carros. Notei-o especialmente durante um fim de semana passado em Amsterdão, passeando-me à volta de Leidseplein e ruelas adjacentes, nas quais é possível andar à vontade. Lembro-me de pensar que o mesmo seria impossível em Lisboa. Mas não é, basta todos querermos e ganharmos consciência de que os passeios foram feitos para as pessoas, não para os carros. E se sou contra qualquer tipo de vandalismo ou retaliação típica, desde limpa pára-brisas levantados ou partidos aos riscos feitos a chave - que sim, já me aconteceu -, um inofensivo autocolante pode consciencializar sem lesar. Para bem da cidade, para bem de todos.

- Blog Crónicas das Horas Perdidas -