Lugares abençoados?






O Largo Frei Heitor Pinto (junto à Igreja de S. João de Brito, em Lisboa) é uma boa alternativa para quem quer estacionar gratuitamente. Repare-se no sinal de Parque EMEL que, no entanto, só se aplica à faixa de rodagem (e não à zona de calçada portuguesa, aqui devidamente acarinhada).
Ah! E há até uma ampla rampa para quem queira aceder ao local!

Lisboa e a sua "Porta de Entrada"


Rua dos Fanqueiros e Rua da Prata - 22-10-2013
Numa das zonas mais nobres e policiadas da cidade, a impunidade mais total e absoluta. Note-se a anedota do traço amarelo no passeio da 1ª.

Pobre Lisboa, quem tem misericórdia de ti?

Todas as fotos foram tiradas de seguida, e mostram a EMEL a actuar na zona da Alameda - perto da Rua Actor Vale e na Carlos Mardel (primeiras duas fotos). Até aí, não há nada a objectar.
Veja-se, porém, nas fotos seguintes, como não põe os pés na primeira dessas ruas - e não só junto às oficinas de automóveis. 
Como nos outros casos, deixar a carripana em 2ª fila ou em cima do passeio (ao pé desses estabelecimentos, como se fosse um freguês), é um expediente infalível para garantir um estacionamento gratuito e em total impunidade.
Como brinde aqui ficam as 2 fotos de baixo. A carrinha da direita ostenta as palavras - muito apropriadas! - misericórdia de Lisboa...

O disparate do costume

Em Miraflores, o passeio é alto, mas esta criatura comprou um jipe para não ter de se preocupar com essas miudezas...

O disparate do costume

Em Miraflores, o passeio é alto, mas esta criatura comprou um jipe para não ter de se preocupar com essas miudezas...

Impunidade Garantida

Muitas das situações denunciadas no Passeio Livre com a etiqueta "impunidade garantida" figuram num blogue com esse mesmo nome, dedicado aos locais de Lisboa onde carros, carrinhas, jipes, camionetas e motociclos são deixados em estacionamento selvagem, mas onde raramente (ou nunca) são bloqueados (e muito menos rebocados). 
Pode ver-se AQUI.

O preço do espaço público em Lisboa

Feitas as contas ao preço da ocupação do espaço público em Lisboa, percebe-se facilmente que existe uma desproporção deveras gritante e injusta.

Considerando que o direito à posse de um automóvel, não está constitucionalmente consagrado, não se percebem de todo estas assimetrias abismais, que mais não são que um subsídio público aos utilizadores de carro.


Preço da ocupação/utilização do espaço público
por m2 por dia efetivo (24 horas), em Lisboa
Tipo de ocupação Esplanada de quiosque Banca de feirante Automóvel de morador




Área pública ocupada 50 m2 10 m2 10 m2
Preço pago ao erário público 4800€/ano
(400€/mês)
192€/ano
(16€/mês)
12€/ano (para moradores)
Tempo de ocupação do espaço Todos os dias, das 9 às 24:00, exceto domingo Duas vez por semana, durante 8 horas cada 24€/dia durante
7 dias por semana
Tempo efetivo de ocupação em horas 4689 horas/ano
(15 horas/dia*6 dias/semana*52,1 semanas/ano)
833 horas/ano
(8 horas/dia*2 dias/semana*52,1 semanas/ano)
8760 horas/ano
(24 horas/dia*365 dias/ano)
Número de dias efetivos de ocupação (valor anterior dividido por 24 horas) 195 dias 34 dias 365 dias
Preço efetivo por dia (24 horas) 24,6 €/dia 5,60 €/dia 0,03 €/dia
Preço efetivo por dia (24 horas), por m2 0,49 €/dia-m2 0,56 €/dia-m2 0,003€/dia-m2
Rácio 160 180 1


Feitas as contas, um feirante paga 180 vezes mais, pela ocupação do espaço público, que um automobilista residente.

Um dono de um quiosque, que gera uma sinergia positiva no bairro, paga 160 vezes mais que um automobilista residente

Recordamos que em quase todas as capitais europeias, ao contrário de Lisboa, os moradores pagam pelo estacionamento.

É fartar!

  • Lisboa ostenta, na sua lapela, a bizarra comenda de patrocinadora do desporto "estacionamento selvagem impune";
  • Esse fenómeno atingiu as actuais proporções devido à conivência dos que têm estado à frente da autarquia;
  • Os lisboetas premiaram eleitoralmente esses mesmos responsáveis com uma vitória eleitoral indiscutível;
  • Conclusão: os praticantes da "modalidade" podem comemorar, com a certeza de que nada lhes acontecerá!